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Foto do escritorSalmom Lucas Monteiro Costa

ATI promove oficinas de fotografia e ilustração para crianças e adolescentes do Território 4

As atividades reforçaram o protagonismo das pessoas atingidas e suas narrativas, por meio do olhar, voz e perspectivas das crianças e adolescentes


O Rio Doce, a pesca, a agricultura, os efeitos das enchentes, além das manifestações de fé, resistência e luta da população atingida pelo rompimento da barragem de Fundão, foram capturados pelo olhar das crianças de Governador Valadares e expressadas, por meio da fotografias e ilustrações, produzidas por meio de oficinas educativas promovidas pela Assessoria Técnica Independente - Cáritas Diocesana de Governador Valadares (ATI CDGV). 


Desde o desastre sócio-tecnológico, ocorrido no dia 5 de novembro de 2015, de acordo com estimativas a partir de dados do último Censo Demográfico 2022, só no Território 4 (Governador Valadares e Alpercata) da Bacia do Rio Doce nasceram cerca de 25 mil crianças, que possuem atualmente entre 0 e 8 anos de idade. Uma geração que cresceu e tem se desenvolvido em um contexto social, econômico e ambiental totalmente diferente do que seus pais, avós, bisavós e toda ancestralidade conheceram antes do rompimento. 


Trata-se de uma geração que não conheceu o rio em seu estado natural livre de rejeito e viveram as consequências de danos sociais e econômicos provocados pelo desastre. Nesse sentido, o público atendido pela ATI CDGV também contempla as crianças e adolescentes para a promoção da participação informada, que de forma lúdica e por meio de uma linguagem acessível, tem possibilitado a inclusão das crianças e adolescentes atingidos no processo. 


Apesar de todas as adversidades enfrentadas por uma geração nascida após o rompimento, a juventude é entendida pela Assessoria Técnica Independente como agentes de mudança e que poderão contribuir para um futuro mais sustentável e justo. Para isso, foi desenvolvido o projeto ATI para Crianças e Adolescentes, que contempla ações que visam promover a escuta, o protagonismo e o direito à memória, com ações que contribuam para fomentar cidadãos mais conscientes e engajados na preservação ambiental e na justiça social, a exemplo das oficinas promovidas. 


Oficina de Fotografia


A Oficina de Fotografia ocorreu em três momentos, nos dias 25 de maio, 8 e 16 de junho, conduzida pelo assessor técnico em comunicação social da ATI, Alcides Miranda. O primeiro ocorreu na sede da Assessoria Técnica Independente e consistiu em uma apresentação teórica sobre a história da fotografia, sua evolução, lógica de funcionamento e o entendimento da fotografia como ferramenta de expressão de fatos, ideias e percepções. 


Roda de corversa no primeiro momento da oficina. (Foto: equipe ATI CDGV)

O momento contou ainda com uma roda de conversa, em que as crianças e adolescentes puderam tirar dúvidas, expressar os danos sofridos em decorrência do rompimento e suas preocupações ambientais com o futuro do Rio Doce. “O Rio Doce agora está sujo e tudo que tem nele está com lama. Os pescadores também não têm mais peixe, não é possível que eles (responsáveis pelas empresas mineradoras) não sabiam que isso ia acontecer”, afirmou L. A. V., 10 anos, da comunidade Recanto dos Sonhos e uma das crianças participantes. 


O segundo momento foi uma atividade prática ao ar livre com câmeras fotográficas semiprofissionais, realizada no Parque Municipal de Governador Valadares. Na ocasião, as crianças puderam compreender técnicas básicas como enquadramento da foto, alinhamento da câmera, ajustes na configuração, entre outras dicas. Na sequência, puderam fazer registros e aplicar as técnicas. 


O terceiro momento da oficina ocorreu durante a 7ª Romaria das Águas e da Terra da Bacia do Rio Doce, em Naque (MG) (leia AQUI), em que as crianças, acompanhadas pelos seus responsáveis e supervisionadas pela equipe da ATI CDGV, tiveram a oportunidade de documentar e interpretar o evento por meio das lentes para contar uma história. 


As fotos conseguiram retratar a essência da romaria de diversas maneiras, com imagens ao longo do percurso que evidenciaram a devoção e o compromisso das pessoas atingidas em lutar pela recuperação do Rio Doce; imagens da cerimônia religiosa que destacaram a intercessão entre fé, esperança e ativismo ambiental; imagens de rostos expressivos e emoções do povo atingido.


Confira alguns dos registros realizados nestes 3 momentos: 




Oficina de Ilustrações 


Também durante a romaria outro grupo de crianças participou de uma oficina de ilustrações, conduzida pela assessora técnica em pedagogia da ATI, Jéssica Sobral, que possibilitou expressar suas vivências na Bacia do Rio Doce por meio da arte. A atividade contou com a equipe da ATI CDGV para orientar os temas ilustrados, que representaram o rio, a pesca, a agricultura e os efeitos das enchentes. 


Logo em seguida os desenhos, que totalizaram 16, foram reunidos em um tapete temático chamado de “Repactuação Justa e Participação Popular”, que simbolizou a união e a força das vozes das crianças da bacia ao expressarem suas esperanças e demandas por um futuro melhor. As crianças tiveram ainda a oportunidade de apresentar suas obras aos romeiros presentes e juntas gritaram “Rio Doce Vivo!”, acompanhado por todos os participantes presentes. 


“A inclusão desse público acontece quando se permite às crianças comunicar suas ideias e opiniões, de modo que ela possa explorar diferentes linguagens, tais como pintura, desenhos, fotografias. A metodologia para esta faixa-etária apresenta a necessidade de estar inserida em propostas lúdicas que possam atrair a participação. Encontramos nas ilustrações uma adesão das crianças, quando nos diferentes espaços participativos em que as crianças estão presentes, a equipe que assessora o público infanto-juvenil, ao entregar folhas em branco, se surpreende com a criatividade das crianças, seu potencial de criação presente em desenhos que por vezes retratam suas realidades”, explicou Jéssica Sobral, assessoria técnica em pedagogia da ATI CDGV. 

Os desenhos e as fotografias serão expostas ainda na sede da ATI CDGV e de forma itinerante, nos espaços participativos organizados pelas Comissões Locais de Atingidos do Território 4. 






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