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Foto do escritorSalmom Lucas Monteiro Costa

ILHEIRAS E ILHEIROS DE GOVERNADOR VALADARES E ALPERCATA APRESENTAM SUAS PAUTAS À DEFENSORIA PÚBLICA

Atualizado: 28 de ago. de 2023

Encontro ocorreu na sede Assessoria Técnica Independente do Território 4 e contou com o apoio da ATI


Na manhã da última sexta-feira (28) as ilheiras e os ilheiros do Território 4 (Governador Valadares e Alpercata) estiveram reunidos, com a defensora pública Dra. Carolina Morishita, para apresentar suas demandas. O encontro, que contou com a presença de cerca de 90 ilheiros, ocorreu na sede da Assessoria Técnica Independente (ATI) da Cáritas Diocesana de Governador Valadares (CDGV), que organizou e junto aos atingidos, fez a mediação do momento.


A reunião surgiu a partir de uma convocação da defensora pública, com o objetivo de ouvir a população ilheira da Bacia do Rio Doce, em relação às suas pautas de reivindicações no âmbito do processo reparatório pelo rompimento da Barragem de Fundão.

Ana Paula, coordenadora metodológica da ATI CDGV, explicou sobre a importância do encontro. “Essa reunião é para partilhar quais são as principais demandas dos ilheiros e a atual situação que vivem desde o rompimento da barragem, em 2015. Então é importante que todas as demandas sejam apresentadas à Defensoria Pública, para fins de sistematização, encaminhamentos e que cheguem também na mesa da repactuação. Então a participação dos ilheiros é fundamental para que os seus direitos sejam reconhecidos”, destacou.

Ao se dirigir aos presentes, Dra. Carolina Morishita refletiu sobre o momento atual das pessoas atingidas com a implantação da ATI, além de destacar o objetivo da reunião. “É a minha primeira vez na sede da Cáritas de Governador Valadares e me deu uma felicidade muito grande. Esse prédio, essa equipe que está trabalhando para vocês, vieram porque foram cinco anos de luta dos atingidos, de insistência e é uma conquista de vocês. E a reunião de hoje é sobre isso, pois da mesma forma que vocês não desistiram da assessoria técnica, vocês não irão desistir dos seus direitos enquanto ilheiros. Então precisamos nos reunir para entendermos como era antes e 2015, o que aconteceu, se já tiveram algum direito atendido, para que possamos pensar juntos em um plano e nos próximos passos”, explicou.

Defensora pública Dra. Carolina Morishita fala aos atingidos
Defensora pública Dra. Carolina Morishita fala aos atingidos (Foto: Alcides Miranda)

A primeira ilheira a falar foi Joelma Fernandes, da Comissão Local de Ilha Brava, que descreveu como era sua ilha antes do desastre. “A minha vida toda foi no entorno do Rio Doce. As cheias, no passado, significavam uma renovação para o solo das ilhas, pois as águas vinham com matéria orgânica dos morros, das fazendas. Agora não temos nem mais esse prazer de celebrar quando as águas estão baixando, pois o que vem e fica é a lama. Hoje temos que pagar caro por adubo, caso alguém tente produzir alguma coisa numa terra que, em um passado recente, era muito fértil”, descreveu.

Joelma destacou ainda a importância dos ilheiros se manterem unidos em prol de suas pautas. “Estamos aqui para lutar pelos nossos direitos. Falam que as ilhas são ‘área de conservação’ e a gente conserva mesmo, quem não conserva é a Samarco, Vale e BHP, que joga rejeito no rio, tira nossa subsistência, mata os peixes, acaba com o nosso lugar de lazer. Ninguém vive a realidade das ilhas como nós vivemos, que não temos mais um rio para trabalhar, para usufruir com a família, nada. A verdade é que as empresas transformaram o Rio Doce em um fruto proibido. Você sabe que até tem peixe lá, mas não pode comer. Você sabe que tem água, mas não pode se banhar nela como fazíamos, entre outras coisas”, refletiu.

Joelma Fernandes, de Ilha Brava, durante a reunião
Joelma Fernandes, de Ilha Brava, durante a reunião (Foto: Alcides Miranda)
Ilheiras e ilheiros de Governador Valadares e Alpercata apresentam suas pautas à Defensoria Pública
Ilheiras e ilheiros de Governador Valadares e Alpercata apresentam suas pautas à Defensoria Pública (Foto: Alcides Miranda)
Ilheiros durante a reunião
Ilheiros durante a reunião (Foto: Alcides Miranda)

Após momento de relatos dos ilheiros, o grupo entregou um ofício, com a sistematização de suas demandas e todas as pautas de reivindicações, nas mãos da defensora pública. O documento foi dividido em três eixos: quais foram os danos, como esperaram que os problemas sejam solucionados e como as instituições de justiça podem apoiar os ilheiros.

“Vou ler tudo aqui com a maior atenção, analisar quais são os problemas e os encaminhamentos que podemos dar por meio da Defensoria Pública de Minas Gerais. Então fico muito feliz de ver que os ilheiros estão aqui unidos e construindo um projeto de futuro para o Rio Doce, não buscando apenas reparar danos. Contem comigo e vamos seguir essa conversa”, finalizou Dra. Carolina Morishita.

Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião
Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião (Foto: Alcides Miranda)
Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião
Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião (Foto: Alcides Miranda)
Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião
Assinatura do recebimento do ofício entregue pelos ilheiros à defensora pública e pessoas reunidas após reunião (Foto: Alcides Miranda)

ATI em ação


Para a reunião com a Defensoria Pública, foi realizada uma reunião anterior entre os ilheiros e a equipe da ATI CDGV na quarta-feira (26), na sede da Cáritas, para discutir quais as principais demandas dos ilheiros e auxiliá-los na construção do documento que foi entregue à defensora pública.

A articulação contou com a presença de 27 ilheiros e teve como objetivo geral apoiá-los na auto-organização para o encontro de sexta-feira e fortalecê-los em torno das pautas reivindicadas. “Esse é um dos papéis da ATI, apoiar tecnicamente as demandas das pessoas atingidas, para que possam ser consideradas nas instâncias pertinentes do processo de reparação”, explicou Amanda Fernandes, gerente técnica da ATI CDGV.

Reunião de preparação com os ilheiros realizada na sede da ATI CDGV
Reunião de preparação com os ilheiros realizada na sede da ATI CDGV (Foto: Salmom Lucas)

Exposição fotográfica


Para compor o espaço da reunião com a Defensoria Pública, foi preparada uma exposição fotográfica pela ATI CDGV, em formato de varal, com registros enviados pelos ilheiros de suas ilhas antes e depois do rompimento da barragem. Momento muito importante de auto-reconhecimento coletivo, de compartilhamento de memórias afetivas, trocas de lembranças e de reflexões sobre os direitos dos atingidos no âmbito do processo de reparação.

Para compor o espaço da reunião com a Defensoria Pública, foi preparada uma exposição fotográfica pela ATI CDGV
Para compor o espaço da reunião com a Defensoria Pública, foi preparada uma exposição fotográfica pela ATI CDGV (Foto: Alcides Miranda)
Registros enviados pelos ilheiros de suas ilhas antes e depois do rompimento da barragem
Registros enviados pelos ilheiros de suas ilhas antes e depois do rompimento da barragem (Foto: Alcides Miranda)
Para compor o espaço da reunião com a Defensoria Pública, foi preparada uma exposição fotográfica pela ATI CDGV
Para compor o espaço da reunião com a Defensoria Pública foi preparada uma exposição fotográfica pela ATI CDGV (Foto: Alcides Miranda)

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